sábado, 28 de março de 2009

A insustentável leveza do não sei quê…
Que não quero ser pessimista, nem má língua!

Não sei se acontece o mesmo lá fora, na estranja.

Mas por aqui, acontece seguramente.

Anda a gente a falar de educação, de avaliação, de professores, e de professores que dizem estar preocupados com a educação e com os alunos, e a Ministra a dizer que não.

E os encarregados de educação, vulgo pais, preocupados com o futuro dos seus filhos ou com onde os deixar para que não se percam ainda mais, porque já nasceram perdidos, a fazerem propostas ao governo e à Ministra para que as escolas assegurem actividades durante 12 horas.

Estão os alunos (alguns) preocupados com a falta de emprego – e Angola ao virar da esquina entre outros países de expressão portuguesa –, se conseguirão as médias para entrar na Faculdade ou se têm emprego depois de terem o canudo nas mãos.

Andam os Conselhos Executivos a tentar limpar-se para que o Ministério da Educação não lhes caia em cima por causa dos professores rebeldes que se recusam a ser avaliados pela medida da Ministra, e por isso convocam todos (até os que a Senhora dispensou) a entregar as avaliações.

Tal é o medo que têm do bicho papão!

Mas… do outro lado da moeda…

Andam uns quantos divertidíssimos!

Os alunos dos cursos – CEF e Profissionais – os tais que são alternativos e que ajudam a tornar menos analfabeto este país.

Menos analfabeto em número, bem se veja. São os números para a Comunidade Europeia. Para que vejam que somos todos muito inteligentes. Temos muita gente com qualificações profissionais…!!!

Aqui à dias, uma jornalista do jornal Expresso escrevia um artigo demolidor. Nele referia-se às Novas Oportunidades como sendo qualquer coisa que causa indignação. Como é que se pode ter o 12º ano em meia dúzia de meses?! Se calhar nem precisa tanto!

Mas as Novas Oportunidades, ainda assim, até compreendo que exista. É uma maneira de dar oportunidade a quem ao fim de tantos anos a trabalhar numa área ou em várias, até adquiriu competências. É validar esses conhecimentos e reconhecê-los como património profissional e cultural da pessoa.

Conheço algumas pessoas que descobriram em si próprias competências que de outra forma nunca teriam descoberto.

Agora, a maltinha ou maltosa que por aí anda nos CEF’s e nos Cursos Profissionais – hum! – nem queiram imaginar!

Não fazem nada. Faltam as vezes que querem e lhes apetece. Trabalham quando lhes dá na real gana. Muitos são mal educados e agressivos. Partem o que lhes apetece e ninguém lhes diz nada. Andam nas escolas de nariz empinado como se fossem donos do mundo ou da verdade e os professores não dizem nada, não fazem nada.

Não sei se porque não se querem chatear ou se porque sabem que não vale a pena chatearem-se porque sabem de antemão que vão ser chamados à atenção ou pelos Conselhos Executivos que têm números exigidos pelo Ministério ou se pelo Ministério em si mesmo.

Mas o que é verdade é que os CEF’s não chumbam! E se calhar nos Profissionais também a regra se faz presente. É que depois ainda há os objectivos. E um desses objectivos é o critério de sucesso que deve ser preferencialmente de 100%.
E como nenhum deles é parvo sabem de tudo isto e tiram partido!

Não sei se na estranja é assim! Mas aqui é-o seguramente!

Lá na estranja, dizem, a estes jovens que frequentam as escolas como se fossem grandes salas de convívio passam-lhes Certificados de Frequência. Nós por cá, porque somos muito generosos com a mediocridade, passamos Duplas Certificações – 12º ano e Certificado Profissional – que pode ser de Técnico de Acção Educativa (olha que lindo! que lindas prendas estarão um dia destes a trabalhar com as nossas crianças…!), ou de Apoio à Comunidade e à Família (olha que belo! lindo futuro nos espera com profissionais assim…!), ou com qualquer outro curso que tenha como objectivo o atendimento quer seja a crianças quer seja a idosos ou deficientes.

Seja qual for o Curso, é grave. É grave que jovens andem a fazer de conta que estudam, que professores andem a fazer de contas que dão aulas (em algumas escolas é mesmo assim se não o docente é chamado à atenção), que a Ministra ande a fazer de contas que anda a trabalhar, que o país inteiro ande a fazer de contas!

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